O Brasil tem muitos atrativos e é conhecido por várias de nossas singularidades.
O juro muito alto está entre elas e é também o que mais seduz investidores estrangeiros, já que os ganhos são completamente fora de qualquer média mundial. Talvez esta realidade esteja com os dias contados. Ou, nas palavras de uma análise feita por um dos maiores fundos de investimentos do mundo, a Pimco, “talvez isto mude em breve”.
Na avaliação feita pelos analistas do fundo, Ismael Orenstein e Lupin Rahman, e enviada a clientes, todas as reformas que já foram aprovadas, mudanças na condução da política econômica e no Banco Central, e a quase aprovação da reforma da previdência, estão criando “uma oportunidade em décadas para o Brasil e única para investidores”.
De forma bem resumida, os economistas explicam aos seus milhares de clientes estrangeiros o que nós nos perguntamos diariamente: por que a taxa de juros no Brasil é tão alta e por tanto tempo? Eles citam apenas três motivos, que são suficientes para justificar nosso recorde.
“Pressões fiscais embutidas na Constituição e insustentáveis; um sistema de crédito no qual metade da totalidade do crédito é concedida com taxas de juros subsidiadas, o que significa que a outra metade, ligada à Selic, precisa de taxas muito mais altas para compensar esse subsídio; e uma história de inflação alta e volátil, exacerbada pela prática generalizada de indexação de contratos”, lista o relatório.
“Agora, pela primeira vez em décadas, o Brasil tem uma oportunidade de ouro para enfrentar alguns desses fatores e estruturalmente reduzir as taxas de juros para um único dígito.”
Os economistas estiveram no Brasil recentemente e conseguiram enxergar nossa realidade sob um ponto de vista que nós aqui temos mais dificuldade para aceitar, porque em nós dói muito – os 14 milhões de desempregados que o digam. A recessão profunda e a crise política têm o seu lado bom porque “estimularam” a equipe econômica e os políticos a ajudarem Michel Temer na aprovação de reformas difíceis e impopulares antes das eleições de 2018.
“Juros baixos no Brasil – Será que é para valer?”
Este é o título do artigo já que o fim da era de juros estratosféricos soa como um alarme para os investidores. De relance alguém pode achar que a Pimco está avisando a todos que corram aqui antes que a festa acabe. É o contrário. Na análise dos economistas, a melhor oportunidade se dará se o Brasil conseguir alcançar um quadro de estabilidade para a queda “estrutural” dos juros.
Esta tem sido a bandeira do presidente do BC, Ilan Goldfajn, a quem a Pimco atribuiu parte da redução acelerada da inflação. Se o quadro persistir, os economistas do fundo de investimentos afirmam, a meta de inflação pode ser reduzida para 2019, dos atuais 4,5%, alimentando este novo ciclo sustentável e positivo para a economia brasileira.
“Embora existam riscos – incluindo a impopularidade das medidas propostas, as investigações de corrupção em andamento e as próximas eleições de 2018 – o Brasil se destaca entre os mercados emergentes como se movendo na direção certa para a transição para taxas de juros mais baixas sustentadas”, diz o artigo.
Fontes:
Thais Herédia
Jornalista especialista econômica e política ; é colunista da Globo News. Foi assessora de imprensa no BC e gerente de comunicação do Carrefour.Na TV Globo, foi repórter de economia do Bom Dia Brasil. Tem pós graduação em finanças pela FIA
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