Banco privado e construtora firmam parceria para financiar na planta

Santander e MRV estão com projeto para oferecer o crédito para imóveis ainda na fase de construção


Se o financiamento para imóveis na planta era basicamente direcionado para os enquadrados no “Minha Casa Minha Vida“, uma parceria entre a construtora MRV e o banco Santander promete ampliar essa linha de crédito para apartamentos que não estão cadastrados no programa do Governo Federal.

O projeto garante maior segurança para os dois lados, tanto o da incorporadora quanto o do cliente, já que a continuidade da obra fica assegurada, assim como a compra do imóvel, evitando que aconteça o distrato.

Além disso, a novidade promete impulsionar os lançamentos de empreendimentos mais focados na classe média, que usam recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).

As construtoras costumam fazer produtos através do crédito associativo, que faz o repasse da verba durante a obra, de acordo com o andamento da construção. O meio é comum de ser usado no “Minha Casa Minha Vida”.

A ideia de financiar um imóvel ainda na planta pelo MCMV é inédita no mercado (Foto: Shutterstock)

“A Caixa Econômica Federal está focada neste tipo de repasse para os imóveis de baixa renda, então procuramos outros bancos para fazer esse financiamento ainda na planta para outras faixas. Entramos em contato com o Santander, Itaú e Bradesco e o primeiro saiu na frente apostando nesse modelo junto com a gente”, explica Ricardo Paixão, diretor executivo da MRV.

Um empreendimento em Curitiba, no Paraná, foi lançado neste ano como projeto piloto da parceria entre a MRV e o Santander. Batizado de Château Belvedere, ele faz parte da Linha Bio e tem 96 unidades.

“Também já estamos trabalhando em projetos com repasse na planta com o Bradesco e com o banco Inter, que é digital e tem atuação nacional. Um deles será em Belo Horizonte, em Minas Gerais, e o outro em Campinas, em São Paulo. Estamos aproveitando o nosso banco de terrenos que aderem a este tipo de produto”, acrescenta.

Riscos

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Para Thiago Melo, vice-presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Pernambuco (Ademi-PE), os bancos privados costumavam ter receio em investir no financiamento na planta.

“Os bancos entendiam que era mais arriscado este tipo de operação porque se ocorresse algum problema com a construtora ou na obra, eles assumiriam o risco. Mas agora os bancos entenderam que os riscos são muito baixos e que, quando uma construtora recebe um financiamento para uma obra, é para construir mesmo”, afirma.

Ricardo Paixão afirma que essa é uma parceria que só é possível quando envolve confiança. “Os bancos passarão um tempo maior atrelados às construtoras, então precisa ser com uma empresa que gere confiança”, detalha.

O Santander anunciou que, apesar dos riscos maior para o banco, vai oferecer para o financiamento dos imóveis na planta as mesmas condições oferecidas para os clientes do SBPE no projeto piloto de Curitiba: taxas de 8,99% ao ano, financiamento de 80% do valor e pagamento em até 35 anos.

Segurança

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Antes os clientes que desejavam comprar um imóvel pagavam uma parte diretamente para a construtora enquanto as obras estavam em andamento, servindo como uma entrada. Depois, era preciso pegar um financiamento com o banco para quitar o saldo devedor.

“O cliente comprava um imóvel em uma determinada situação de vida e, quando chegava a hora de solicitar o financiamento, já podia ser outro momento. E acabava que, em muitos casos, ele não conseguia a liberação do crédito e tinha que entrar com o distrato do imóvel”, ressalta Thiago Melo.

Para ele, o financiamento na planta garante uma maior segurança para a construtora, que terá a verba para concluir a obra garantida, e para o cliente, que já terá o financiamento assegurado.



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