Expectativa positiva com a economia deve refletir no aumento da produção e venda de imóveis
Há uma clara percepção de que o pior ficou para trás. O produto interno bruto (PIB) da construção civil fechará 2019 interrompendo a série de cinco anos em queda (cresceu 1,3%) e espera crescimento de, pelo menos, 3% no ano que vem. Nesse contexto, o mercado imobiliário em 2020 apresenta cenários muito otimistas.
“Existindo venda, tem mais obra para fazer. Tivemos uma mudança drástica de governo e entendemos que a área econômica está fazendo coisas boas. A gente sente que a confiança aumentou. O mercado está forte, com viés positivo, por conta dos juros baixos”, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (SindusCon), Odair Senra.
Segundo ele, com perspectiva de aumento de emprego e renda, é provável que mais pessoas movimentem o mercado imobiliário em 2020. “Tudo indica que vamos ter um ano que vem muito bom. Evidente que na construção nada acontece de repente, o ciclo é longo. Mas já tem muito projeto aprovado, muita coisa que vai ser construída. A tendência realmente é aumentar”.
O presidente da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, diz que o crédito imobiliário também está crescendo, o que serve para impulsionar o setor.
“Nosso indicador mensal que analisa os lançamentos, vendas e ofertas dos imóveis demonstra claramente a recuperação. As empresas estão mais seguras para investirem e o poder de compra dos consumidores está subindo, através da queda dos juros e das novas opções de financiamento imobiliário”.
França afirma que os lançamentos já estão voltando ao patamar de antes da crise, assim como as vendas. “A Reforma Tributária pode favorecer ainda mais, desde que o setor da incorporação tenha tratamento tributário diferenciado, como é feito em Portugal, Espanha e Alemanha. Como as discussões dessa reforma ainda estão acontecendo, é preciso aguardar as definições”.
O economista-chefe do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP), Celso Petrucci, diz que a expectativa do mercado imobiliário em 2020 é de que os juros permaneçam baixos, menores que 5%, e que o crédito imobiliário com recursos da poupança cresça de 25 a 30%.
“Em 2020 o mercado continue crescendo no Brasil, de 10 a 15%. São Paulo cresceu muito este ano, 70% em lançamentos e 60% em vendas. Acredito que ano que vem seja de crescimento para outros mercados, que ainda estão aquém disso, do Norte, Nordeste, Centro-Oeste, outras capitais do Sudeste e algumas cidades do Sul”.
O economista Daniel Poit, consultor de planejamento e professor universitário, ressalta que a redução de juros e os novos financiamentos criaram otimismo no setor. Por outro lado, a estagnação de investimentos no área pública não ajuda na retomada das atividades.
“Creio numa leve elevação, de 2% em 2020. Houve uma redução na renda média do trabalhador brasileiro, o que impede que ele tenha acesso aos investimentos e capacidade de honrar financiamentos”, detalha o especialista.
Para Poit, a situação poderia melhorar mais rápido se o poder público ajudasse. “A instabilidade política, de diretrizes econômicas, e a espera de que o Congresso seja mais célere nas suas decisões e nas votações dos projetos de reforma, principalmente Tributária, podem dificultar o cenário. Mas sou otimista em relação a 2020”.