Descalço é um questionamento ao saber que está disponível somente através da formação acadêmica tradicional, ocidentalizada, que conhecemos. Seria um contraponto a esse tipo de formação dita científica e validada por meio de um caminho universitário único. Quando nos formamos com o respaldo do universo científico, nos vestimos com a “beca” do diploma e nos nomeamos ser aquela formação específica. Se alguém nos pergunta: o que você faz? – o expectável é uma resposta sobre a qualificação/ocupação profissional e quanto mais títulos se têm mais admirado você pode ser, na nossa sociedade ocidental.

Porém no universo de Vedanta, Yoga e outros saberes a formação não se detêm num estudo provido por uma instituição, mas principalmente à um estudo que está inserido num estilo de vida que corrobore tal conhecimento. Principalmente que tal corpo de conhecimento estudado faça sentido na experiência.

Inspirei-me a partir do uso feito por “arquitetos descalços”, termo utilizado por bioconstrutores que não tem formação acadêmica, mas também estudam e vivenciam um estilo de vida sustentável.

Praticantes de yoga, estudantes de Vedanta e afins fazem seus estudos e práticas descalços. Sadhus andam descalços. Muitos peregrinos e andarilhos caminham descalços. Num ambiente onde tem altar, como na tradição hindu é sugerido entrar sem sapatos em respeito ao Devas. Faz-se reverência aos pés do mestre/professor em razão da sustentação do conhecimento sob os pés etc. O Descalço tem valor de respeito em diversas tradições. Independente de uma roupagem laranja ou capelo estarão presentes: conhecimento, ciência, erudição, austeridade, sapiência, competência, eficiência e maestria.

Além disso, o termo descalço sugere um estado relaxado, espontâneo, autêntico, desprovido de rótulos.
Tenho especial apreço por estudar diversos assuntos, trabalhar com mais de uma habilidade, praticar diferentes atividades corporais, meditar, e utilizar outros instrumentos de autoconhecimento. Portanto , valorizando esforços e saberes que se utilizam dos pés descalços como símbolo de sabedoria, conhecimento e reverência.

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Liliane Oliveira
Psicóloga clínica e Hospitalar e Instrutora em Yoga. Atendimento terapêutico individual, casal, família e de pessoas acometidas por doenças crônicas e agudas. Ministra aulas particulares de Hatha Yoga. Dedicada também ao estudo de advaita vedanta, neurociências, sustentabilidade e alimentação inteligente. Promove trocas de saber sobre qualidade de vida e morte, valorizando um estilo de vida em Yoga. www.lilianeoliveira.org

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