Debate em Múltiplas Telas

Twitter é o maior sofá do mundo: é nele que as pessoas comentam sobre os jogos, séries, novelas, reality shows e notícias que estão passando na televisão.


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O segundo debate entre Hillary Clinton e Donald Trump, realizado na noite de 9 de outubro, foi acompanhado pela TV por mais de 66,5 milhões de pessoas, de acordo com dados divulgados pela Nielsen nos Estados Unidos. A audiência bateu o público do segundo embate entre Barack Obama e Mitt Romney em 2012, atingindo um patamar histórico desde 1992. Mas toda a corrida pela Casa Branca não é um fenômeno de popularidade somente na televisão: o segundo debate entre Hillary e Trump gerou mais de 17 milhões de tweets, batendo o recorde de volume de conversas no Twitter para este tipo de evento. Isso mostra que o público não está apenas interessado em ouvir o que os candidatos têm a dizer, mas também disposto a manifestar sua opinião e conversar com outras pessoas sobre os temas em discussão — entre os quais têm se destacado economia, relações internacionais, energia e meio ambiente, saúde, terrorismo e armas.

Hillary e Trump estão, cada um, na casa de uma dezena de milhões de seguidores no Twitter. Ambos têm usado a rede como um meio de comunicação direto e em tempo real durante a campanha à Casa Branca. Muitos poderiam supor que a conversa diária e ao vivo no Twitter mataria a curiosidade sobre como eles se sairiam no debate ou até esvaziaria o interesse das pessoas pelo evento. Mas o que aconteceu foi o contrário: a discussão na plataforma começou como um aquecimento para o que estava por vir e teve o seu ponto alto durante o debate, quando as pessoas puderam comentar o desempenho dos candidatos enquanto ele passava na televisão.

Este é um exemplo que faz cair por terra a tese de que o digital é uma ameaça à TV. Ao invés de disputar a atenção do usuário, os meios, quando usados de maneira integrada, são complementares na medida em que se retroalimentam. Não por acaso, costumamos dizer que o Twitter é o maior sofá do mundo: é nele que as pessoas comentam sobre os jogos, séries, novelas, reality shows e notícias que estão passando na TV. Essa dinâmica retoma, inclusive, um hábito muitas vezes colocado em xeque por especialistas, que é o de assistir à TV linear, ao vivo. Para participar da conversa em tempo real, todos precisam estar consumindo o conteúdo no momento em que está sendo transmitido.

Essa sincronização é especialmente valiosa, para citar alguns exemplos, em reality shows de competição como o “MasterChef”, musicais como o “The Voice”, capítulos decisivos de novelas e debates eleitorais — assim como é muito forte nos eventos esportivos, como tivemos a oportunidade de verificar na Olimpíada do Rio.

Essa complementaridade vale não só quando falamos do consumidor, mas também quando tratamos da publicidade. Há quem defenda que existe uma disputa entre o digital e a TV pelo dinheiro dos anunciantes. Esse conceito ignora a premissa de que o digital pode fazer parte da venda de espaço publicitário na TV, como uma expansão do alcance de uma campanha. Uma iniciativa casada entre TV e digital tem o poder de amplificar o potencial de impacto das marcas. O comercial pode surgir no intervalo de um programa e navegar para plataformas digitais em outros formatos, inclusive interativos, que convidam o consumidor para algum tipo de ação. E o inverso também ocorre: um conteúdo disseminado nas redes pode aumentar o interesse dedicado pelo consumidor ao vê-lo na televisão.

Se antes a TV era algo a que as pessoas assistiam, hoje a experiência une o ver ao interagir. E com a transmissão do conteúdo televisivo nas plataformas sociais, passando pela integração com aparelhos conectados à internet, damos agora os primeiros passos para que o fenômeno da segunda tela aconteça em uma tela única, o que torna tudo ainda mais intuitivo e confortável.


Fonte Jornal O Globo: http://oglobo.globo.com/opiniao/debate-em-multiplas-telas-20293484

Autor:
guilhereme-ribenboim
Guilherme Ribenboim é vice-presidente do Twitter para a América Latina.



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