Os malefícios a saúde que podem causar a ingestão de alimentos cultivados com o uso de agrotóxico são cada vez mais claros.
Desde a chamada “Revolução Verde”, na década de 1950, o processo tradicional de produção agrícola sofreu drásticas mudanças. Com a inserção de novas tecnologias para o crescimento do agronegócio que visa a produção extensiva de alimentos, adotou-se a agricultura industrial e mono-cultivo de espécies agrícolas. Sem a associação de diferentes espécies, não só o solo é completamente desprovido de nutriente como o próprio cultivo torna-se alvo fácil de pragas. Com a finalidade de controlar essas doenças e aumentar a produtividade, os produtores agrícolas passaram a utilizar uma enorme quantidade de agrotóxicos em suas plantações.
Segundo a o Ministério do Meio Ambiente Brasileiro, agrotóxicos são definidos como “produtos e agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, utilizados nos setores de produção e beneficiamento de produtos agrícolas, pastagens, e de outros ecossistemas rurais e de ambientes urbanos. O agrotóxico visa alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, como pragas e espécies daninhas.” Em palavras mais simples, são produtos químicos sintéticos usados para matar insetos ou plantas no ambiente rural e urbano.
O Brasil é o maior consumidor de produtos agrotóxicos no mundo. A liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das principais medidas responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, uma vez que o cultivo dessas sementes geneticamente modificadas exigem o uso de grandes quantidades destes produtos.
Esse modelo de cultivo, com o intensivo uso de agrotóxicos, gera grandes malefícios já comprovados. Desde a poluição ambiental à saúde humana, como a intoxicação de trabalhadores e da população em geral. As intoxicações agudas por agrotóxicos são as mais conhecidas e afetam, principalmente, as pessoas expostas em seu ambiente de trabalho. Já as intoxicações crônicas podem afetar toda a população, pois são decorrentes da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e no ambiente, geralmente em doses baixas e contínuas. Os efeitos adversos decorrentes desta exposição crônica aos agrotóxicos podem aparecer muito tempo após a exposição, dificultando a correlação com o agente causador.
Os malefícios a saúde que podem causar a ingestão de alimentos cultivados com o uso de agrotóxico são cada vez mais claros. Basta hoje, fazer uma simples pesquisa na internet para acessar informações e estudos que acusem diferentes índices de contaminação.
O INCA, Instituto Nacional do Câncer, lançou essa semana um documento oficial sobre seu posicionamento acerca de agrotóxicos.
“Nesta perspectiva, o objetivo deste documento é demarcar o posicionamento do INCA contra as atuais práticas de uso de agrotóxicos no Brasil e ressaltar seus riscos à saúde, em especial nas causas do câncer. Dessa forma, espera-se fortalecer iniciativas de regulação e controle destas substâncias, além de incentivar alternativas agro-ecológicas aqui apontadas como solução ao modelo agrícola dominante.”
Esse posicionamento pode representar um grande passo para a luta contra o uso de agroquímicos na agricultura no país. Quando falamos sobre saúde, falamos diretamente sobre indivíduos e sua qualidade de vida.
Nos resta então propagar a mensagem sobre o perigo que representam os agrotóxicos em nossa mesa, apoiar o cultivo orgânico através da preferência pelo consumo desses produtos e, finalmente, torcer para que mudanças significativas ocorram na legislação de nosso país.
Sustentarte
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