Canecão deve ser demolido para virar espaço multiúso

Em silêncio há nove anos, um dos maiores palcos da MPB, o Canecão pode, enfim, voltar a receber grandes espetáculos


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A saída para fazer a casa retornar à cena cultural está sendo estudada pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), como antecipou Ancelmo Gois em sua coluna no GLOBO. A instituição financeira vai elaborar um plano para que a iniciativa privada explore o espaço, que pertence à UFRJ, em troca de investimentos nos campus da universidade. O projeto prevê a demolição do antigo prédio e a construção de um equipamento cultural multiúso.

O objetivo é montar a concessão de um lote de terrenos da UFRJ. Há áreas disponíveis na Praia Vermelha, na Praça da República e na Cidade Universitária. A proposta final terá que passar pela análise dos órgãos colegiados da UFRJ, que pretende exigir, como contrapartida, a construção de moradias e restaurantes estudantis.

Servidores da universidade e técnicos do banco se reuniram anteontem para definir datas do plano, que será conduzido pelo consórcio Fator/Galípolo/Pedrotaddei/VG&P. Prevista para terminar em junho, a primeira etapa será avaliar os espaços da Praia Vermelha, onde fica o Canecão, inaugurado em 1967. No mês seguinte, ficam prontos os estudos sobre os terrenos na Cidade Universitária, no Fundão.

— A UFRJ solicitou um estudo do BNDES para que vários de seus terrenos pudessem ser também utilizados pela iniciativa privada. A ideia que apresentamos, inicialmente, é que haja a contrapartida com a realização de obras prioritárias como as do alojamento e no Hospital Clementino Fraga Filho, além de manutenção, que é um problema muito importante no setor público. Em troca, haveria a possibilidade do uso desses terrenos por agentes privados. A ideia não é vender o espaço para a iniciativa privada, mas estabelecer uma colaboração virtuosa para a universidade, em que ela possa resolver seus principais gargalos — explicou a vice-presidente da Associação de Docentes da UFRJ, Lígia Bahia.

Enquanto a reabertura do novo Canecão não sai do papel, ficam a torcida e as lembranças de quem viveu intensamente os dias de efervescência da casa de shows.

— Ela era a mais conhecida na Europa. A casa era mágica. Parecia que todos os artistas que se apresentavam ali conseguiam deslanchar a carreira. Eu passei a frequentar ainda na barriga da minha mãe — contou Jéssica Simões, de 25 anos.

A mãe dela, Mônica Barbosa da Silva, de 52 anos, guarda boas recordações:

— Minha filha ainda viu o Cazuza na cadeira de rodas, no último show dele no Canecão.



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