Mercado imobiliário ganha fôlego

Enquanto outros setores sofrem queda por conta da pandemia, a compra e venda de imóveis está morando numa zona de conforto


OIP
O sonho da casa própria e o desejo de investir em um imóvel não sumiram com o avanço da pandemia do novo coronavírus. Pelo contrário, ambos estão cada vez mais reais e possíveis.
De acordo com a Caixa Econômica Federal (CEF), líder na concessão de financiamento para casa própria com quase 70% do crédito imobiliário do país, só no primeiro semestre deste ano, as contratações alcançaram a marca de R$ 48,2 bilhões, que representa um crescimento de 21,73% em relação ao mesmo período do ano passado. No mês de junho, a CEF atingiu o volume de R$ 11,1 bilhões em financiamentos habitacionais, mantendo a liderança no mercado imobiliário.

Quem viu a receita despencar 90% no início da pandemia, em março, foi João Paulo Mallet, CEO – diretor presidente da Privilégio Imóveis. “A gente saiu de um faturamento 100%, regular do mês, para um faturamento de 10% do que a gente faturava. Isso aconteceu na metade de março e em abril”, lembra ele, que foi acompanhando a reação atentamente.

“Em maio, o faturamento foi de 20% do que era esperado. Ou seja, uma redução de 80% do volume total. O início de junho ainda foi fraco. Do dia 15 de junho até o dia 15 de julho, a gente voltou a um nível de faturamento similar ao do ano passado. Voltou para os 100%. Ou seja, a recuperação foi em ‘V’. Houve uma queda brusca do movimento para 10%, depois 20% e depois 100%”, detalha Mallet.

Gustavo Araújo, gerente de Compra e Venda da Apsa, também viu uma redução na procura no início da quarentena, naturalmente provocada pelo entendimento e adaptação da sociedade a este novo cenário. “Mas à medida em que o tempo foi passando, percebemos um aumento tanto nas buscas por imóveis para compra, quanto de pedidos de avaliações para venda”, avalia Araújo.

Para Laudimiro Cavalcanti, diretor do Creci-RJ, a procura por compra e locação de imóveis chegou a superar as expectativas. “O volume de crédito imobiliário também apresentou crescimento no comparativo com o ano passado. São fatos que demonstram que o mercado imobiliário tem permanecido ativo durante pandemia”, afirma Cavalcanti.

Variados tipos de compradores

Quando se trata de perfil de comprador, tem de tudo um pouco. Desde o jovem ou casal jovem estimulado pela oferta de crédito imobiliário com juros baixos e prazos longos, até os que estão reavaliando a atual necessidade de espaço e comodidades.

“Alguns buscam espaços mais amplos; outros, o contrário, por causa da nova realidade financeira. Outros estão em busca de mais opções de lazer ao ar livre nas proximidades, pois o convívio em espaços confinados ficou arriscado”, diz Araújo.

Segundo Fátima Santoro, coordenadora da Pós-Graduação de Direito Imobiliário da UVA, o comprador médio normalmente investe em imóveis para a própria moradia e, em sua maioria, é mais sensível às intempéries da economia. “Em momento de crise econômica, o consumidor fica menos propenso à compra de um bem que costuma ser de alto valor agregado e passível de crédito”.

O outro lado da moeda é o investidor, que compra bens imóveis com o viés de ativo econômico, visando a valorização e a rentabilidade da locação. Este, segundo ela, fica propenso à compra por fatores decorrentes da pandemia, como a queda na taxa básica de juros.

Bairros com potencial de valorização

De acordo com o diretor do Creci-RJ, em linhas gerais, os bairros mais procurados continuam sendo Barra da Tijuca, Recreio, Jacarepaguá e Campo Grande, na Zona Oeste.

“Destaco também Flamengo e Botafogo, na Zona Sul, e a Tijuca e o Méier, na Zona Norte”, aponta Cavalcanti.

“Os compradores investidores buscam imóveis com bom preço, localizados em regiões nobres que tendem a crescer e valorizar, como os bairros do Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca, ou procuram oportunidades pontuais de momento em boas regiões já consolidadas, como os bairros mais tradicionais da Zona Sul do Rio”, acrescenta a professora de Direito Imobiliário Fátima Santoro.

Com relação à oportunidade, Cavalcanti lembra o Centro do Rio: “Acredito que o Centro represente um nicho importante para construtoras e incorporadoras e investidores, destacando que o metro quadrado da região nunca esteve tão em conta”.

O futuro do lendário edifício ‘A Noite’

Segundo Gustavo Araújo, gerente de Compra e Venda da Apsa, não é de hoje que se fala na possibilidade de tornar o Centro do Rio em uma área atraente para empreendimentos residenciais. Afinal, o bairro tem uma localização estratégica.

Araújo afirma que existe a tendência de uma transformação na região, com possibilidade de muitos dos atuais imóveis comerciais se tornarem residenciais. “Deve ser uma mudança gradual, que depende de mais investimentos em infraestrutura”, pontua.

Laudimiro Cavalcanti concorda. “Para alavancar a vocação residencial do Centro, em breve acontecerá o leilão do histórico ‘A Noite’, na Praça Mauá.

Construído no final dos anos 20, o edifício já foi o maior arranha-céu da América Latina. Sediou o jornal ‘A Noite’ e depois, abrigou a também lendária Rádio Nacional. Ainda no século XX, o prédio entrou em decadência.

FONTE: O DIA


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