Como o mercado está se movimentando e as chances de termos um novo patamar de preços
Essa é uma pergunta que muitas pessoas devem estar fazendo: tanto os empresários do ramo como os indivíduos que estavam se preparando para adquirir um imóvel.
Você deve se lembrar que 2020 começou com o “pé direito”: a expectativa era uma alta de 3%, colocando o setor como um dos principais da economia para este ano. Também, segundo o IBGE, o PIB (Produto Interno Bruto) da Construção Civil cresceu 0,3% em 2019 – a primeira alta desde 2014. Porém, essa confiança deu lugar a cautela. Praticamente a economia do país todo se prepara para o novo cenário que se desenha com o avanço da covid-19.
A economista Deborah Seabra, explicou por que considera que vivemos uma crise diferente daquela que presenciamos alguns anos atrás.
Acho que é importante deixar claro logo de início que a crise que acomete o mercado imobiliário nesse momento é de caráter bastante diferente daquela de alguns anos atrás. A expectativa com relação a este momento que estamos vivendo é de que o setor retome os níveis de atividade pré-crise com alguma rapidez após o fim da pandemia, uma vez que apresentava um comportamento crescente até o início do ano. Assim, nos próximos meses podemos esperar uma retração de moderada a forte no número de transações, tanto no mercado de compra e venda quanto no de locação, com impactos mais brandos nesse segundo setor. Em pesquisa recente os consumidores destacaram que a insegurança financeira era a principal razão para adiar a compra de um imóvel. Nesse sentido, a adoção de medidas por parte do governo que garantam a renda e a capacidade de pagamento do trabalhador no curto prazo são fundamentais para dar fôlego extra ao nosso mercado.
2 – Estava no meio de uma transação de compra de imóveis? Como proceder?
Se você já havia encontrado o imóvel ideal e estava prestes a assinar o contrato, destaco que agora há chances de conseguir um financiamento com taxas menores ou ainda tomar o empréstimo com carência no pagamento da primeira parcela. Contudo, é importante ficar alerta para o novo cenário econômico que se desenha, e verificar se a possível perda de renda não compromete a capacidade de pagamento do imóvel.
A queda na taxa Selic, sem dúvidas, torna a compra de imóveis bastante atrativa, uma vez que devemos ver uma redução nas taxas de juros de financiamento imobiliário. Além disso, o imóvel ainda é visto pelos brasileiros como um ativo seguro e, dado o cenário que estamos vivendo, onde os ativos de renda variável estão sofrendo grande volatilidade e a queda na taxa Selic implica menor rentabilidade médio para os investimentos em renda fixa, o imóvel pode ser uma boa alternativa para investimento no momento.
Não devemos esperar uma queda abrupta nos preços no curto prazo, isso porque, enquanto a pandemia continuar assumindo um caráter transitório, parte das pessoas vão preferir retirar seu imóvel do mercado a vender por um preço menor. Por outro lado, aqueles que precisarem de liquidez imediata talvez se vejam forçados a baixar os preços para conseguir vender com velocidade no momento atual. O efeito médio de mercado vai depender da duração do isolamento e da profundidade da crise.
Sim, é um movimento natural e já estamos vendo as incorporadoras adiarem o lançamento dos seus novos projetos para o fazer em uma situação mais favorável.
O Ministério do Desenvolvimento Regional anunciou no final de março a continuidade das contratações das unidades habitacionais do Programa MCMV, especialmente das Faixas 1,5; 2 e 3. Para garantir celeridade ao processo, os subsídios concedidos a pessoas físicas nos contratos de financiamentos passarão a ser realizados exclusivamente com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A expectativa é que a medida garanta a contratação de cerca de 330 mil unidades habitacionais, o que dá alguma confiança para o setor.
A situação deve ser analisada caso a caso e depende muito da composição da renda do proprietário. Quanto mais importante for o valor recebido pelo aluguel para pagar as contas do proprietário, mais suscetível deve estar a abaixar o valor do aluguel para ganhar liquidez nesse momento de crise. Porém, o proprietário deve ter em mente que os contratos de aluguel tem duração de até 3 anos, então fechar um contrato de aluguel a um preço mais reduzido agora terá consequências que durarão para além da crise causada pela pandemia.
É uma decisão acertadíssima que mostra a importância da habitação e do setor imobiliário para a economia. Poucos setores tiveram medidas tão direcionadas quanto o nosso. A medida promete dar fôlego aos consumidores e às empresas nesse momento de crise.
FONTE: ZAP