Nos estudos em Yoga aprendi a investigar toda a região da pele como um órgão de percepção dentre outros.
A pele é um dos órgãos dos sentidos que possui receptores sensoriais que decodificam estímulos: vibráteis, táteis, térmicos, mecânicos, químicos. Compreendendo que esta é responsável pela codificação sensorial da dor, da termossensibilidade, da pressão, do equilíbrio, da cócega, da coceira sendo fundamental para propriocepção. Esta última modalidade sensorial é a capacidade de perceber onde está cada parte do corpo, os movimentos dos membros e do corpo em geral, mesmo de olhos fechados!
A propriocepção faz com que várias partes do corpo estejam coordenadas para o movimento que se está tentando fazer. Quando trabalhamos o equilíbrio ou a estabilidade explorada pelas diversas posturas de Yoga,por exemplo, estamos também trabalhando a propriocepção, associadas a pranayamas, meditação e estudos que fundamentam tal prática.
Percebo que a pele assim como a visão tem capacidade de responder a estímulos luminosos; assim como o olfato, cria um HD de memória e provoca reações motoras; assim como o paladar reconhece texturas; assim como a audição responde a ondas sonoras.
A pesquisa de movimento em Contato e Improvisação também é cinestésica. Dançando em CI, experimento a pele que reconhece outros corpos no espaço, junto com outros órgãos dos sentidos ou sem a disponibilidade destes. Mas, principalmente, venho descobrindo a capacidade da pele de colaborar com a execução de movimentos precisos, conscientes, de escutar, falar e dialogar, a qualquer distância, com outros elementos. Inclusive ser veículo de pensamentos – emoções de duas ou mais pessoas.
A pele é um meio de comunicação, e um ótimo material de autoestudo em si mesmo, também capaz de decodificar o que está sendo vivenciado por outro. A pele recebe, pelas terminações nervosas, ou mensageiros químicos, informações que comunicam o que se está passando de positivo ou negativo na mente da pessoa. Deste modo, desenvolver essa escuta sensoperceptiva viabiliza o autoconhecimento e diálogos sensoriais.
Seria enriquecedor fazer parte do processo de ensino e construção social, aprender por meio da pele a se relacionar com o mundo e com os outros. De qualquer forma, atividades sensoriais como o Yoga, a dança, entre outras podem ser realizadas por qualquer ser cinestésico em qualquer momento da vida. E portanto, desenvolver e explorar as potencialidades dos órgãos dos sentidos.