Pele: Sensor de Presença

Nos estudos em Yoga aprendi a investigar toda a região da pele como um órgão de percepção dentre outros.


LONDON, ENGLAND - OCTOBER 03:  A woman experiences the 'Rain Room' art installation by 'Random International' in The Curve at the Barbican Centre on October 3, 2012 in London, England. The 'Rain Room' is a 100 square meter field of falling water which visitors are invited to walk into with sensors detecting where the visitor are standing. The installation opens to the public on October 4, 2012 and runs until March 3, 2013.  (Photo by Oli Scarff/Getty Images)

A pele é um dos órgãos dos sentidos que possui receptores sensoriais que decodificam estímulos: vibráteis, táteis, térmicos, mecânicos, químicos. Compreendendo que esta é responsável pela codificação sensorial da dor, da termossensibilidade, da pressão, do equilíbrio, da cócega, da coceira sendo fundamental para propriocepção. Esta última modalidade sensorial é a capacidade de perceber onde está cada parte do corpo, os movimentos dos membros e do corpo em geral, mesmo de olhos fechados!

A propriocepção faz com que várias partes do corpo estejam coordenadas para o movimento que se está tentando fazer. Quando trabalhamos o equilíbrio ou a estabilidade explorada pelas diversas posturas de Yoga,por exemplo, estamos também trabalhando a propriocepção, associadas a pranayamas, meditação e estudos que fundamentam tal prática.

Percebo que a pele assim como a visão tem capacidade de responder a estímulos luminosos; assim como o olfato, cria um HD de memória e provoca reações motoras; assim como o paladar reconhece texturas; assim como a audição responde a ondas sonoras.

A pesquisa de movimento em Contato e Improvisação também é cinestésica. Dançando em CI, experimento a pele que reconhece outros corpos no espaço, junto com outros órgãos dos sentidos ou sem a disponibilidade destes. Mas, principalmente, venho descobrindo a capacidade da pele de colaborar com a execução de movimentos precisos, conscientes, de escutar, falar e dialogar, a qualquer distância, com outros elementos. Inclusive ser veículo de pensamentos – emoções de duas ou mais pessoas.

A pele é um meio de comunicação, e um ótimo material de autoestudo em si mesmo, também capaz de decodificar o que está sendo vivenciado por outro. A pele recebe, pelas terminações nervosas, ou mensageiros químicos, informações que comunicam o que se está passando de positivo ou negativo na mente da pessoa. Deste modo, desenvolver essa escuta sensoperceptiva viabiliza o autoconhecimento e diálogos sensoriais.

Seria enriquecedor fazer parte do processo de ensino e construção social, aprender por meio da pele a se relacionar com o mundo e com os outros. De qualquer forma, atividades sensoriais como o Yoga, a dança, entre outras podem ser realizadas por qualquer ser cinestésico em qualquer momento da vida. E portanto, desenvolver e explorar as potencialidades dos órgãos dos sentidos.

 


Liliane Oliveira
Psicóloga clínica e Hospitalar e Instrutora em Yoga. Atendimento terapêutico individual, casal, família e de pessoas acometidas por doenças crônicas e agudas. Ministra aulas particulares de Hatha Yoga. Dedicada também ao estudo de advaita vedanta, neurociências, sustentabilidade e alimentação inteligente. Promove trocas de saber sobre qualidade de vida e morte, valorizando um estilo de vida em Yoga. www.lilianeoliveira.org

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