Em 2019 as expectativas do mercado imobiliário estão sendo superadas
O início do ano costuma ser morno para a compra e a venda de imóveis. Mas, em 2019, superamos as expectativas do mercado imobiliário. O retorno da confiança do comprador e o medo de que os preços voltem a subir são alguns dos principais motivos deste aquecimento.
Enquanto nas Zonas Norte e Oeste ainda há um grande estoque de unidades, na Zona Sul esta leve melhora da confiança para a aquisição de um imóvel leva as construtoras a tirar seus projetos do papel. Até dezembro, já estão confirmados 12 lançamentos na Zona Sul, a região mais cobiçada por quem constrói e por quem compra.
Este número deve aumentar na região e em toda a cidade. Isso porque, com a aprovação do novo Código de Obras da capital, em janeiro, algumas regras de construção estão mais flexíveis e atraentes para as incorporadoras, como a permissão de unidades com metragem menor e menos vagas de garagem quando o empreendimento for próximo a uma estação de metrô.
Segundo Claudio Hermolin, presidente da Ademi-RJ, o número de novos empreendimentos será maior do que em 2018 e haverá novidade em praticamente todos os bairros na Zona Sul: Botafogo, Laranjeiras, Jardim Botânico, Gávea, Ipanema e Leblon. Porém, ele ressalta que os desdobramentos desse aquecimento vão depender do cenário macro da economia no país e no estado.
– Os lançamentos não acontecerão na mesma quantidade de quando houve o boom imobiliário, até porque são bairros com perfis próprios, são consolidados, sem fartura de terrenos e com um custo médio alto. Em relação ao ano passado, vai ter um número maior de lançamentos e de Valor Geral de Vendas (VGV) – explica Hermolin.
OS MAIS VISADOS
Leblon, Ipanema e, principalmente, Botafogo, são os que mais devem receber empreendimentos novos na Zona Sul. O crescimento da região e o metro quadrado são os principais motivos. Já no Leblon e em Ipanema é a altíssima liquidez, devido à grande escassez de endereços ainda disponíveis e adequados para novos prédios, que faz cada área viável se tornar foco de briga das construtoras.
No Leblon, a Mozak vai lançar no próximo mês um empreendimento misto, com 21 lojas e 79 apartamentos, entre as ruas Juquiá e Bartolomeu Mitre. A gerente comercial da empresa, Carolina Lindner, explica que será um residencial com serviços de pay per use, com previsão de entrega para 2022.
– Temos uma demanda muito grande no Leblon. A Zona Sul não sentiu tanto a crise e vendemos rapidamente os últimos lançamentos. As pessoas estão correndo para comprar com medo que os preços subam mais à frente – destaca Lindner. Em janeiro, a empresa lançou também o Bartô 144, com 10 unidades, a uma quadra da praia. Já vendeu 50% do total.
A RJZ Cyrela tem dois lançamentos para este ano. Segundo o gerente-geral de incorporação e produto da RJZ Cyrela, Marcelo Parreira, o projeto em Laranjeiras está previsto para ser lançado no final do primeiro semestre e terá dois blocos com quatro pavimentos e 44 unidades. Fica próximo ao Largo do Machado e ao Parque Guinle.
Outro será na Rua Voluntários da Pátria, em Botafogo. Será misto, com três lojas e 123 unidades, de dois e três quartos, e área de lazer.
– Botafogo é um bairro bem localizado, tem atrativos de lazer, boa mobilidade e atrai um público mais jovem – diz Parreira. Ele acrescenta que a RJZ Cyrela estuda ainda outros terrenos e tipologias, especialmente após a nova legislação.
– A Zona Sul tem um perfil de rápida absorção e comporta imóveis menores para outro público – completa.
Já a Inti Empreendimentos Imobiliários tem confirmados quatro lançamentos na Zona Sul, sendo pelo menos dois ainda para este ano. Os locais não foram revelados, mas o diretor Andre Kiffer conta que dois terrenos já foram comprados e os outros estão em negociação. Segundo ele, os imóveis residenciais serão nos modelos tradicionais, fora do padrão de micro apartamentos liberados pelo novo Código.
– Estes lançamentos foram decididos de outubro para cá. Janeiro já mexeu bastante com o mercado, apesar de geralmente ser parado. Viremos com três a quatro empreendimentos. Dois no primeiro semestre e outro no segundo. E estou buscando mais um. Todos com grande porte e na Zona Sul – afirma.
GLÓRIA E COPACABANA
Na Glória, a Iteen está com um lançamento programado para o segundo semestre e outro projeto para o Leblon. Neste, a data não está definida, porque ainda depende das etapas de aprovação que estão em andamento.
E, entre as novidades, segundo Elcilio Britto, presidente da Lopes BSJ, há o Meet Botafogo, da Pixel/Bait, na rua da Passagem, 151; e o Quadrilátero Botafogo, na Avenida Lauro Sodré. Em Copacabana, nascerá o Paradiso, da Razão Engenharia, na Rua Maracanaú, 5.
Projetos mais versáteis e mercado de micros aquecido
O empreendimento da Iteen na Glória terá 70 unidades e já se encaixa nas novas regras do Código de Obras da cidade. São imóveis de 35m² e 45m², e como será próximo ao metrô, o número de vagas do prédio também é pequeno.
– Essa mudança é muito positiva, pois há muitos terrenos interessantes na Zona Sul nos quais não era possível fazer novas construções. Há algum tempo descartamos um projeto em Botafogo por causa das vagas exigidas. Era um retrofit e não tinha como encaixar – destaca o sócio Eduardo Cruz.
MAIS LANÇAMENTOS
Segundo Elcilio Britto, presidente da Lopes BSJ, há 45 projetos, entre confirmados e previstos, que somam mais de R$ 5 bilhões em lançamentos previstos para 2019 no Rio.
– A região que mais deve receber novidades será a Zona Sul, principalmente Botafogo, que tem a previsão de nove lançamentos – explica Britto.
Ele destaca ainda que os modelos de pequena metragem devem ganhar força.
– Com o novo Código de Obras aprovado na Câmara, há uma grande movimentação entre os construtores para lançamentos de lofts neste perfil. Já existem projetos em fase de aprovação para os bairros de São Conrado, Botafogo, Copacabana e Centro. Por esse motivo, a Lopes tem marcada para março a inauguração de sua loja no Leblon, que terá como foco principal o mercado primário.
O Novo Código de Obras permite apartamentos a partir de 25 m² (menos na Barra, Recreio, Vargem Grande e Ilha do Governador). Até agora, as unidades novas construídas não podiam ter menos de 55m².
Fonte: O Globo