Uma leva de novos emigrantes em busca de qualidade de vida, oportunidades profissionais e de negócios que não encontram do lado de cá do Atlântico.
“Brasileiros qualificados buscam em Portugal uma situação de estabilidade que o Brasil não lhes tem oferecido”, analisa o sociólogo Jorge Macaísta Malheiros, professor do Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa. “E essas pessoas chegam com dinheiro para investir em imóveis e negócios.”
Quem teve a oportunidade de visitar Portugal entre os anos 1980 e 1990 provavelmente se lembra da cara emburrada e do mau humor dos patrícios quando ouviam o sotaque típico do lado de cá do Atlântico. Da mesma forma, não foram poucas as querelas envolvendo disputas profissionais, como a dos dentistas, que azedou a diplomacia dos dois países. Hoje, os viajantes que chegam falando o chamado “português brasileiro” não sentem mais tal animosidade. A vinda dos irmãos sul-americanos — principalmente os mais ricos — não só é bem-vista, como também estimulada pelo governo local. Em 2012, entrou em vigor um instrumento conhecido como Golden Visa, ou Autorização de Residência para Atividade de Investimento (ARI), que concede um visto de permanência mediante a transferência de capitais (no mínimo 1 milhão de euros, ou 3,4 milhões de reais), a geração de postos de trabalho (no mínimo dez empregos diretos) ou a aquisição de imóveis a partir de 350 000 euros. Desde o início do programa, 592 brasileiros, entre titulares e seus dependentes, já foram beneficiados.
(Bruno Barata/Veja Rio)
Proprietário de um confortável apartamento de três quartos na região da Praça Marquês de Pombal, área nobre lisboeta, o músico Bernardo Lobo, de 43 anos, filho do compositor Edu Lobo, reside na capital portuguesa desde maio de 2016. Na época, sua mulher, Paula Cury, 40 anos, estava grávida de oito semanas de Maria, hoje com 4 meses. “Viemos de mala e cuia, com uma empolgação enorme”, recorda Bernardo.
A vida do casal mudou bastante desde a saída do Rio. A empregada que arrumava a casa e cozinhava todos os dias foi substituída por uma diarista duas vezes por semana. Babá, nem pensar. Os dois carros viraram um só — com uso bastante restrito. Bernardo fez até um curso de culinária para se virar no dia a dia. “Sou de fato o chef da família”, brinca ele. “Eu me especializei em bacalhau e polvo à lagareiro, mas também adoro fazer um bom arroz com feijão e carne moída com purê.”
Fonte:
Rachel Verno- Lisboa – Portugal
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